sábado, 8 de agosto de 2009

queimando sutiãs

Um belo dia, uma moça pensando que estava fazendo um bem para a sociedade, foi para uma praça pública qualquer e queimou seu sutiã, a favor de todas as coitadinhas que existiam no mundo e todas as outras que estariam por vir. Dentre essas últimas, eu estava incluída.

Sou mulherzinha sim, mas não nasci assim. Adoro um babado, sainha, vestido, creminho, maquiagem, secador, unhas bem feitas, salto alto, depilação sempre em dia (solteiras de plantão, jamais caiam na Sídrome da Monga), perfume, esfoliante, mimos e afins. Sou feminina com muito orgulho! Mas nem sempre foi dessa forma...

Fui criada de maneira simples, odiava muita firula quando era criança: usava botinha ortopédica (abafa o caso...) e tinha um dente preto, fruto de um portão que bateu na minha boca. Não usava muitos laços no cabelo quando era bebê: arrancava um por um. Na adolescência, era uma jovem comum, vaidade normal para um ser humano com espinhas e cabelo mais ou menos. Minha irmã mais nova sempre foi peruinha e eu achava aquilo um "oh".

Desde sempre trabalhei, fiz estágio, estudava bastante, ralava, ganhava pouco e era super feliz. Fazia o que eu gostava, trabalhava horas e horas com gosto e paixão. Os anos foram passando, tive alguns relacionamentos sérios (outros nem tanto), alguns empregos, fui conhecendo pessoas interessantes (muitas nem tanto) e minha personalidade foi sendo moldada ao longo de vários acontecimentos.

Sim, tenho o temperamento forte (nossa, isso parece descrição de Tabasco), mas bem mais maleável do que antes. Sou impaciente e ansiosa, mas tenho conseguido disfarçar até que bem. Um dia, uma pessoa especial me disse "amanda, o mundo não gira em torno do seu próprio umbigo" e desde esse dia eu estou em constante mudança. Isso já faz um bom tempo...

Há dois anos, vim morar sozinha. Era o auge da independência feminina: ter sua casa, seu canto, fazer tudo da forma como você sempre quis fazer (mas não conseguia porque seu quadro preferido não ornava com a parede da sala que a sua mãe escolheu). Era um sonho de consumo. Tinha tudo para ser considerada uma dasquelas mocinhas que chamuscava seus sutiãs, porém foi depois disso que eu passei a querer me distanciar cada vez mais desse estereótipo de moça moderna e independente.

Minha geração cresceu lendo Capricho, fazendo testes "Ele está a fim de você?" e depois devorava aquelas matérias péssimas da Nova "1001 maneiras de enolouquecer seu homem", seguida da "Girl Power, you have it!". Que ódio mortal! Claro que é bom ter uma dose de independência, poder votar, trabalhar, ganhar dinheiro e ter aspirações maiores do que o modelo de arraiolo que seria feito... Mas nem sempre os "direitos iguais" são vantajosos para as mulheres, poxa. Em algum lugar desse jornada, muitas mulheres esqueceram que homens são maiores e mais fortes do que a gente para nos proteger SIM. Quer coisa melhor do que perceber que a distância entre o ombro dele e a cama é a ideal e você se encaixa perfeitamente no abraço dele, como um Lego? Porque não deixar esse cara te proteger em outros momentos também?

Um dia uma amiga minha me disse que não abria vinhos e nem potes de conserva em casa quando seu marido estava junto. Não que não soubesse, claro... Mas por pura forma de deixar perpetuar um pouco do sentimento de conquista e poder da Idade da Pedra no maridão. Ela sugeriu que eu fizesse o "Teste da Lâmpada" (um dia isso vira post...) para ver a quantas andava o meu grau de "mulher faz tudo" e o grau de "homem protetor" e eu não passei. Meu namorado na época também não passou. Será que eu ainda consigo retirar de vez o manto da independência que não sei porque colocaram em mim??? Minhas amigas dizem que sou uma mulher forte, decidida, bem resolvida, blá blá blá, whiskas sachê. Tá, ok, legal, mas eu quero ter o direito de ser frágil sim de vez enquando. De não trocar uma lâmpada, de não dirigir, de cozinhar e agradar aqueles que eu gosto.

Depois do case lâmpada, começou uma revolução interna dentro de mim e as coisas ficaram muito mais claras e objetivas. Obrigada àquelas que queimaram sutiãs, não foi de todo ruim... Mas peço às mulheres que conheço que pensem bem antes de levar adiante essa idéia idiota de direitos 100% iguais... Estamos criando monstros!!! Mesmo porque todo mundo adora quando eles pagam a conta de vez enquando, não? E pelo menos os meus sutiãs fofos, lindos, com detalhes charmosos e estilo sexy NÃO serão queimandos de forma alguma.

Vamos lá, amigas. Vamos começar a revolução dentro das nossas casas. Deixem as praças para a história, vai?

3 comentários:

  1. Amanda,
    que delicioso ler esse texto. Adorei tudo!
    Beijão!

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  2. eu concordo com tudo o que vc escreveu!

    rasgaria o cu da maldita que queimou o 1o sutiã...

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  3. Tô fora de queimar sutiã!! Chega de independência, quero colo e comida pronta quando chego em casa! Hahahahahaha...Bjs

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