sábado, 27 de junho de 2009

nostalgia


Eu achava que quando eu crescesse tudo fosse ser diferente. Imaginava que, hoje, seria muito mais mulher do que realmente sou: ainda não casei e muito menos tenho filhos, como imaginava os meus sonhos de criança me projetando aos 24 anos. Não sou médica como achei que seria, sou Publicitária. Até hoje eu explico para o meu pai o que faz a minha profissão. Minha cachorra está viva a mais tempo do que imaginei, mas minha gata, doente, morrerá muito antes do que poderia sonhar.

Eu pensei que meu maior desespero seria aquele que senti quando minha mãe foi ao açougue e eu fiquei 5 minutos sozinha em casa: na minha cabeça de criança, ela tinha sumido. Lembro que chorei e gritei. Se eu soubesse quantos sentimentos maiores ainda estariam por vir e eu não poderia gritar nem muito menos chorar, eu teria me controlado mais. Um dia, eu abracei uma mulher na feira e ao olhar vi que não era minha mãe, meu coração se apertou novamente: hoje eu sei quantas pessoas tenho que abraçar sem me gerar sentimento algum e lamento ter rejeitado o abraço daquela senhora.

Não me arrependo de não ter gostado da Barbie. Eu sempre preferi a Moranguinho e a Chuquinha. Continuo me arrependendo de nunca ter tomado o café da manhã servido na Xuxa: se antes eu não fiz isso, imagina hoje que mal consigo sentar à mesa para comer, pois, sempre atrasada, tenho que ir trabalhar. Hoje eu sinto saudades de brigar com minha irmã por um lugar na mesa de casa: os dias que consigo sentar com minha família reunida são raros, pois quando eu saio eles dormem e muitas vezes quando eu chego também.

Eu pensava que toda a pobreza que existia no mundo era apenas a daquele senhor que dormia na porta da minha casa. O Landau do meu pai era o maior carro do mundo, o mais comprido e hoje eu vejo que ele nem é tão grande assim: amo o meu Ka que me leva para onde eu quiser, na hora que eu quiser.

O colégio em que eu estudei a minha vida inteira não existe mais. O tanque de areia virou piscina de bolinha, os pés de pitanga viraram postes, as tartarugas – tamagochis, o trepa- trepa – computador, a pipoca da tia Eulália – coxinha e hot dog. Minhas amigas, graças a Deus, continuam as mesmas, mas conheci muita gente interessante que somente a idade vai somando às nossas vidas.

Enfim. Cresci. Perdi alguns referenciais, ganhei novos. Abri mão de alguns sonhos para me dedicar a outros, não menos especiais. Convido você a fazer parte da minha vida e se tornar mais uma lembrança boa na minha memória louca.


#texto escrito em 2004... minha gata e minha cachorra já morreram... e meu ka também não existe mais.

3 comentários:

  1. ai, adorei! que cara de brava na fota! :)

    eu sempre penso mto no passado (já me falaram que é errado, mas eu adoro) e nunca escrevi sobre o assunto. deu vontade agora! :)

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  2. nostalgia total...e se a gente soubesse as coisas que ainda estão por vir....beijos

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  3. não é fácl crescer, né? tenho tantas boas memórias. eu achava que no ano 2000, com 22 anos eu seria casada e teria filhos, meu maior sonho até hj. mas meus gatos são meus filhos, né? casei e separei. o que será que o destino guerda para mim?

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